GUHP e a História Urbana Global: Redes de Pesquisa em Cidades Globais
O que é a história urbana global?
O GUHP (pronuncia-se “gup”) baseia-se numa ampla compreensão da história urbana global capaz de abranger qualquer esforço de pensar as cidades como objetos que são formados e, ao mesmo tempo, formadores de fenômenos históricos globais de larga escala. Celebra-se o fato de que as abordagens dos pesquisadores intersectam a história urbana e global a partir de diferentes perspectivas. Alguns trabalham a partir das “viradas transnacionais” em diversos subcampos. Outros suscitam os conceitos de rede, olhando as conexões urbanas através de oceanos, entre colônias e metrópoles, ou por meio de rotas de comércio e cadeias de suprimentos. Alguns ainda enxergam as cidades como incubadoras de mudanças históricas com possibilidades de ramificações globais, ou pensam as cidades em suas relações com os diversos tamanhos de territórios do interior. Há ainda aqueles que salientam o trânsito de viajantes internacionais como figuras particularmente importantes nos assuntos urbanos. Alguns pesquisadores preferem comparar diferentes cidades. Alguns projetos enfocam apenas um núcleo urbano, outros duas ou mais cidades, enquanto outros trabalham com diversas cidades através de regiões ou impérios inteiros; e há ainda aqueles que buscam sintetizar largas narrativas históricas mundiais. Em resumo, a história urbana global, tal como compreendida no GUHP, pode abranger diversos recortes geográficos e distintas inspirações teóricas.
Por que nós precisamos de um Global Urban History Project?
Duas observações nos inspiraram a criar essa iniciativa. Embora tenhamos um número crescente de historiadores urbanos globais, eles costumam ser uma minoria entre os membros das associações profissionais já existentes em história urbana, estudos de área, estudos de períodos ou história global. Os membros do Conselho Diretor do GUHP demonstram a variedade de pesquisadores envolvidos em história urbana global: nossos principais contatos profissionais estão na História da América Latina, História do Oriente Médio, História dos Estados Unidos, História Europeia, História de Planejamento Internacional, História da Ásia Ocidental, História Colonial Moderna, História Atlântica, História dos Impérios e Descolonização. Os colaboradores das redes a partir das quais o GUHP foi fundado, como o Global Urban History blog e a Rede de Pesquisa Global Cities: Past and Present vêm de uma ainda maior pluralidade de centros profissionais. Os membros do GUHP fazem parte de, literalmente, dúzias de diferentes associações acadêmicas.
A segunda observação que guiou esse projeto é de que os historiadores urbanos globais enfrentam desafios de pesquisa característicos da natureza hibrida desse campo, que exige constante atenção e redes ainda maiores de colaboração e inspiração. Além disso, os pesquisadores em história urbana global encontram, por exemplo, uma necessidade de combinar densa pesquisa em arquivos em específicas localidades, na tradicional maneira de historiadores urbanos, enquanto também abordam fenômenos que operam em uma variedade de longas e largas escalas, incluindo até mesmo o mundo inteiro e podendo abarcar do período pré-moderno até o presente. Os historiadores urbanos globais também precisam dedicar-se a uma variedade de historiografias, compreendendo desde a história do capitalismo à história das migrações. Ao mesmo tempo, eles são confrontados com a necessidade de lidar com as constantes questões sobre eurocentrismo, “norte-americanismo”, e outras potencialmente problemáticas histórias de excepcionalismo em história urbana, incluindo aquelas que envolvem a própria definição de urbano. Por último, pesquisadores em história urbana global devem engajar-se, a partir da perspectiva de historiadores, com décadas de intensa pesquisas e teorizações através de vários campos de estudos urbanos no que diz respeito a cidades globais, globalização, sociedades de redes e “urbanização global”. Essas observações ilustram alguns dos desafios específicos enfrentados pelos pesquisadores em história urbana global. Nós estamos convencidos de que estarmos reunidos no GUHP não vai apenas nos ajudar a identificar esses problemas, como também vai nos possibilitar a encontrar meios efetivos de solucioná-los.
Lançando o GUHP
O Global Urban History Project surgiu ao final do encontro da Rede de Pesquisa Global Cities: Past and Present convocada por Emma Hart (University of St. Andrews) and Mariana Dantas (Ohio University) tendo por anfitriã Jessica Roney na Temple University, na Philadelphia, em 28 de fevereiro de 2017. Michael Goebel (Freie Universität Berlin) representou a equipe editorial do Global Urban History blog, a qual também inclui Joseph Ben Prestel (Freie Universität Berlin) e Tracy Neumann (Wayne State University). Os demais membros fundadores são Nancy Kwak (University of California San Diego) e Carl Nightingale (University of Buffalo, SUNY).
Trabalhando com esse grupo como uma Equipe Organizadora, Carl Nightingale tomou a iniciativa de estabelecer esse projeto como uma associação sem custos, com um website próprio e um Conselho Diretor. Os objetivos do website são: introduzir-nos uns aos outros, divulgar os trabalhos dos membros e aumentar a consciência sobre o projeto e suas próximas atividades. Ao longo de 2017-2018, o GUHP e seus novos membros de apoio vão contatar os associados, assim como potenciais novos membros, para reunir e disseminar programas de disciplinas e informações bibliográficas de trabalhos neste campo.
Com o lançamento deste site, os pesquisadores do campo estão convidados a participar dos esforços para formalizar o GUHP e organizar atividades apropriadas para perseguir sua missão. Além de criar um diretório online do perfil dos membros e um recurso bibliográfico, nós vamos usar nossa presença na web para facilitar encontros pessoais, conversas por vídeo conferências e a divulgação de informações entre membros do projeto. A partir dessas iniciativas esperamos promover aconselhamentos entre membros do GUHP mais estabelecidos e os sócios emergentes, co-patrocinar painéis em conferências, organizar workshops independentes e encontros profissionais que mostrem os trabalhos do campo. Finalmente, quando for possível e desejável, o GUHP vai juntar recursos entre seus membros, assim como recursos externos, para financiar todas essas atividades.
Uma nota sobre a nossa ilustração
Seguindo o exemplo dos editores do Global Urban History blog, os designers desse site escolheram uma decoração temática de Manila. A cidade foi frequentemente citada como a última etapa do primeiro, e verdadeiro, sistema global de circulação de exploração imperial e comércio. Como tal, ela facilitou movimentos regulares de pessoas, dinheiro, mercadorias, ideias e poder através dos três maiores oceanos do mundo.
A xilografia e os mapas no friso superior dessa página são detalhes do incrível “Carta Hydrographica y Chorographica de las Islas Filipinas” de 1734. Assim como os trabalhos dos atuais historiadores urbanos globais, o mapa permite que seus leitores alternem rapidamente entre uma visão das dinâmicas íntimas das ruas da cidade, para uma perspectiva aérea da cidade como se fosse a visão de um pássaro, até visões geográficas regionais e globais que criam, e são criadas, por cidades do mundo.
A “Carta Hydrographica y Chorographica de las Islas Filipinas” pode ser vista completa em: http://www.imoa.ph/imoawebexhibit/Source: U.S. Library of Congress (Catalog No. 2013585226; Digital ID g8060 ct003137).